quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mente in Animo

Olá, mais uma vez depois de algum tempo, ( noss, como sou chato e demoro tanto para postar as coisas, não? podem xingar HEHE) aliás, tempão não é?
Bom, devo fazer algumas considerações antes da postagem, como de fato sempre faço á contra gosto, mas faço. Devo acrescentar o que todos já devem saber, isto que posto aqui é uma ideia crua, sem revisão. Apenas rascunhado e postado.

Acredito que este é um conto estranho, assim como os outros, suponho. Eu fiquei apaixonado por ele.
Imagine você, leitor, tendo de lidar com problemas pscológico, não ter lembranças de certos momentos e, bem, ao lembrar descobre o quão fora assustador. Aí vem o pior, ter a duvida latente de que aquilo pode ou não ser uma ilusão, uma brincadeira da mente. Já dizia Dr. Desty Nova "A Mente é apenas um Brinquedo para o Corpo."
Imagina um lugar de você que processa informações maravilhosas, que faz com que todo o corpo funcione, que faz com que sinta calafrios, que sinta aquele friozinho na barriga. É ele também o culpado pela dor e prazer, pela vontade de rir e chorar.
Em uma analize mais profunda, acredito que sim, o cérebro seja um brinquedo do corpo... ou seria o contrário?

Boa leitura e Abraços a Todos.



Mente in Animo





“A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos.”



“A avaliação psicológica é entendida como o processo científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas. Os resultados das avaliações devem identificar os condicionantes sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de serem instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes sociais.”




Mãos trêmulas seguram um pedaço de papel, havia nele pingos de sangue e sua mão, delicada e feminina, segurava o envelope enquanto sentada numa cadeira, cuja visão a sua frente é as montanhas e onde a cadeira está é a uma cabana velha... Um chalé de família...
Na Carta, estava relatado o seguinte texto





“Dr Nicol Thomas, 18 de abril de 2010



Não sei como saudá-la no inicio desta carta. Talvez um ‘olá’, um ‘oi’ ou ‘bom dia’ não sejam o suficiente.
Heloíse, espero que leia esta carta até o fim pois passei dias olhando para o papel esperando e esperando a coragem vir até mim. Hoje será a ultima chance de lhe dizer a verdade.
Em vinte e cinco anos, atuando como um profissional da psiquiatria, alguém que cuida da saúde mental das pessoas, nunca, nunca me deparei com tal acontecimento que tenha sido a razão pela qual alimentei uma depressão tão profunda... Acompanhada de uma ansiedade tão incontrolável quanto um vulcão prestes a entrar em erupção. Eu sei, Heloíse, que nunca contei isso a você, em doze anos. Apenas enviando cartas para dizer que estou bem, pedindo para que acreditasse em mim.
Querida, espero que entenda o que está escrito nesta carta e de fato não conte a mais ninguém, pois sei que estou a pondo em um risco eminente, pois “Eles” podem estar atrás de você. Por isso eu pedi para que deixasse Green Hall e fosse passar um tempo com sua mãe, espero realmente que esteja lendo esta carta na casa da mesma. Após lê-la, a destrua, queime-a e jogue as cinzas ralo abaixo. Sei que não tenho o direito de envolvê-la nisso, e que após tanto tempo se alguém descobrir que ainda tento manter contato com você...
Enfim, vou lhe contar o que aconteceu naquele dia, aquele horrível que hoje me arrependo de ter atendido ao telefone, se é que ele tocou.

Naquela manhã de 18 de abril de 1998, recebi uma ligação do sanatório. A enfermeira Thompson relatou que um garoto de aproximadamente nove anos havia dado entrada no sanatório com surtos psicóticos, alimentados á fantasias delirantes. Mas havia algo na voz dela, algo assustador que ela preferiu não dizer no telefone. Sua voz tremia enquanto se despedia.
Levantei-me e a deixei dormindo, querida. Vesti-me com o paletó, que você havia me presenteado, e peguei minha maleta. Havia neblina naquela alvorada, e a cidade toda estava em silencio enquanto eu a cruzava.
As luzes externas do sanatório estavam ainda acesas e a ambulância estava parada a porta junto à recepção. E assim como o restante de Green Hall, tudo estava em silencio, o que era raro devido ao tipo de pessoas que eram internadas ali.
Contive a vontade de ascender um cigarro e então desci do carro, dei uma ultima olhada no espelho, havia ali os primeiros fios brancos em minha barba e cabelo. Arrependo-me ter posto os pés para fora do carro, pisando naquela poça de água que molhou minha barra.
Ajustei os óculos no rosto enquanto, do banco de trás, tirava meu jaleco branco para entrar na instituição. Passei pelo estacionamento rumando para a recepção ás pressas, e de relance vi uma marca na ambulância, voltei e olhei novamente para o carro na porta. Havia ali quatro ou cinco buracos de tiro, um dos pneus estava furado e o vidro do carona estava quebrado.
Adiantei-me para a enfermeira Thompson, que estava na recepção, estava frio como sempre ali. Ela estava sentada, olhando o computador, não havia mais ninguém.
Demorou até ela me perceber, já junto ao balcão. E quando ela me viu, deu um salto da cadeira, seu olhar estava vidrado e assustado.
Bom dia Dr. Thomas.’ Disse ela num tom trêmulo e fraco.
Perguntei a ela o que havia acontecido e ela me relatou a chegada do garoto, com a camisa de força. Chegaram ao sanatório, acompanhados pela policia, que aguardava um atestado psicológico do menor.
Pedi a ela providenciasse a sala para que eu pudesse examiná-lo, ela disse que o garoto já estava no local.
Pelo vidro da porta, observei a figura, quieta, com a camisa de força suja de sangue. Ele estava de cabeça baixa com os cabelos molhados, havia ali, junto dele, um policial e um enfermeiro, ambos assustados.
Abri lentamente a porta.
Os dois, o guarda e o enfermeiro, levantaram-se cumprimentando-me. O Policial viera até mim antes mesmo que eu pudesse responder a saudação, puxou-me para fora da sala e encostou a porta, apavorado e olhando pelo vidro a criança de cabeça baixa.
Não sei quais sãos suas crenças, Doutor, mas sinceramente duvido muito que esta criança esteja realmente louca. Quando chegamos a casa do garoto, respondendo a ocorrência dos vizinhos, invadimos, pois haviam dito que ouviram gritos e...
O pobre homem estava transtornado, voltei rapidamente à recepção e peguei um copo de água para ele. Ele estava sentado num banco próximo à porta.
Conte-me, eu disse e ele continuou.
Vimos o garoto, com a faca na mão, a mulher na sala com...Deus... a barriga aberta, os órgãos estavam todos para fora e... Dera trabalho pegar o garoto, que estava empapado no sangue da mãe, meu colega recebeu uma facada no braço. Deus, o garoto parecia possuído ou algo do gênero, sua boca estava toda cheia de sangue e carne... Nunca mais quero ver algo assim. Ele dizia coisas como, “eles vão te matar policial”...
O guarda suspirou tomando goladas da água.
‘Depois de algumas ameaças, ele se calou e então chamei a ambulância e o trouxemos direto para cá e... Ele chegou aqui, de alguma maneira se livrou da camisa de força e pegou a arma de um dos guardas, sorte que errou os tiros, pegaram todos na ambulância.’
Neste momento, o enfermeiro que estava ali abriu a porta, chamando-me.
Ele disse que quer falar com o senhor, o garoto’
O guarda ficara olhando pra mim, assustado.
Doutor, se acredita em Deus, reze para ele, não devia ser o senhor a adentrar aí, mas sim um padre...
Entrei, embora estivesse impressionado com aquilo e pedi para que o enfermeiro desse algum calmante para aquele homem.
Dentro, sentei-me de frente para o jovem. Não devia ter mais que sete ou oito anos. Estava pálido, sujo e os cabelos ensebados e molhados. Era um garoto magro, olhos fundos e sofridos.
Olá, eu disse e então o garoto voltou seus olhos para mim.
Olá doutor.’ Disse ele com sarcasmo, olhando direto no fundo dos meus olhos. Os olhos do menino eram de cor castanha, seu rosto estava repleto de sardas. Ele continuou após um momento em silencio. ‘Essa não é a primeira vez que encontro um profissional da mente como o senhor, mas no meu tempo eles ainda não existiam.
O garoto mantinha alguns tiques e um descontrole emocional, pois suas expressões mudavam constantemente enquanto ele me encarava.
Notei que ele carregava um sotaque estranho, como que nascido em outro país.
Qual seu nome?, indaguei.
'Depende, tive vários nomes no decorrer de minha existência...
Naquele instante gelei e nem mesmo lembrei-me de tomar nota do que perguntava ou das respostas, e até mesmo esqueci que perguntas faria, queria abandonar aquele consultório e vomitar no jardim.
Acalme-se, Doutor, imagino que esteja tendo um conflito interno quanto a ligações lógicas explicáveis e o credo que segue. O que faz ou não faz sentido... Também posso estar errado e você apenas está assustado e com náuseas...
Lembro-me com clareza de suas palavras e sua voz infante ainda ribomba em minha cabeça apavorada. Ele estava me testando, me analisando e divertindo-se com aquilo. Por instantes imaginei se o mesmo não era um demônio, ou uma criança superdotada. Minha cabeça já buscava explicações delirantes...
Meu nome é Akila Bennu , nasci em 1255 depois de Cristo, no Cairo, mas no decorrer de tanto tempo tive variados nomes e mesmo antes de ser Akila Bennu, certamente tive outros milhares...
O garoto me sorriu, de forma estranha.
Daria tudo por um cigarro... Não fabricam como antigamente, charutos artesanais eram divinos mas esses cigarros industrializados ainda servem de alguma coisa.’
Ele ficou me olhando por instantes...
Ainda pareço uma criança psicótica, Doutor? Ou um demônio que possui corpo de criança? Se achar a segunda, me leve a um padre...
Ele gargalhou, mas certamente se ele estava possuído não parecia ser um demônio.
Sabe porque o deixei entrar aqui Doutor? Porque eu pedi para que viesse falar comigo?
Engoli em seco enquanto negava com a cabeça.
'Acho que você tem o potencial necessário para saber a verdade, afinal, não vou ficar muito tempo aqui. Aprendi a conhecer as pessoas, tenho alguns poderes que me entregam a índole delas, posso por que... Bem, quero que você seja meu aprendiz, uma hora eles vão me achar e então, já era. Arruma-me um cigarro?
Aprendiz? Perguntei, aquilo era insano, contive meu impulso de levar a mão a testa para saber se estava febril, se não era eu mesmo o delirante. Quando se convive tanto tempo com pessoas com a saúde mental comprometida, acabamos desenvolvendo uma fobia inegável de um dia terminar assim, louco...
Sim, você não me respondeu, tem cigarros? Sei que você fuma, seu jaleco tem cheiro de nicotina. Vamos, me entregue este cigarro antes que eu me solte novamente dessa camisa de força e retive o fumo do seu bolso a força. ’
É proibido fumar aqui dentro, respondi de forma fria, tentando impor um controle sobre meus medos.
Quem é você, Akila Bennu? – indaguei novamente.
Não digo nada se não me arrumar ao menos uma tragada do seu cigarro’
Ele sorriu pra mim, com os olhos frios por baixo daquele cabelo molhado, a face suja de sangue coagulado...
Peguei o cigarro, ascendi e dei para o jovem, ainda que sentindo aquilo errado... Ele tragou metade em uma só puxada, soltou a fumaça pelo nariz, como alguém experiente naquilo.
Que maravilha, não sinto essa sensação de nicotina no cérebro fazem... uns doze ou treze anos, já estava enlouquecendo...
Ele me dera um sorriso de escárnio, peguei o cigarro e apaguei, após aquele dia nunca mais fumei...
Sou Akila Bennu, um escravo de Al-Nasir Muhammad, durante seu tempo no Egito.’
Ao mesmo tempo em que achei que pudesse ser uma mentira, eu fiquei maravilhado com aquela afirmação.
Mesmo que isso seja verdade, continuei... O que faz aqui?
Acredita em imortalidade, senhor Thomas?’ Aquilo parecia um absurdo, mas ao mesmo tempo não sabia em que acreditar, ele pediu o cigarro novamente, eu lhe dei ele tragou profundamente e soltou o cigarro de maneira solene, se é que isso poderia acontecer assim.
Vou lhe contar, de maneira mais resumida, claro...
E então, Akila começou...

Como disse, nasci no Cairo. Minha mãe era escrava e eu, consequentemente, também era. Não a conheci, pois cresci como os escravos que serviam o Sultão Mameluco Al-Nasir Muhammad, carregávamos roupas, auxiliávamos em seu banho, carregávamos comida... Entre muitas outras tarefas.
Foi assim toda minha infância, servindo a Al-Nasir... Mesmo antes de tornar-se Sultão, ainda servíamos a ele e a sua família. Cresci como um escravo e então, entre tantos escravos, um dia ele me notou, fui treinado para ser um assassino, para proteger sua figura de qualquer ataque. Aprendi todas as artes com a espada. Lutei em guerras em nome de Al-Nasir e então, no fim do segundo reinado, ele me enviou junto a exploradores, para África, a fim de averiguar uma lenda sobre a vida Eterna. Olhando pra mim agora, você já deve saber o resultado dessa busca, não é mesmo?
Atravessamos desertos causticantes, enfrentamos feras das quais nunca havia sonhado existir, assassinamos muitos no caminho até chegarmos aos confins do mundo...
Posso garantir, meu caro Doutor, vi Yggdrasil com meus próprios olhos, era bem guardada por soldados de pele ainda mais escura que a nossa, que diziam ser ali onde começou a vida humana.


O garoto deu uma pausa, pediu por outro cigarro e então continuou, com uma face séria que qualquer um acreditaria se tratar de um velho sábio e louco.
Diziam eles, no entanto, que quem provasse de seu fruto no centro daquela floresta poderia enfim ganhar a vida eterna, mas não cabia aos mortais provar de tal fruto e que ninguém dali jamais o fez, pois a arvore era sagrada e seu fruto também.”
“Doutor, imagina o prédio mais alto do mundo, agora acrescente pelo menos mais um, igual, acima dele e você terá o caule de Yggdrasil, sua copa cobria a floresta como uma nuvem gigantesca, que fazia dali uma floresta escura e fria”.
“A tribo dissera que éramos o segundo grupo a vir visitar a arvore mãe e que os primeiros a respeitaram como ela sendo Deus e seu fruto sendo a forma sagrada do corpo.”
“Apesar de vislumbrarmos aquela arvore gigante, perdida entre montanhas ferozes, não podíamos nos aproximar dela. Mas devo dizer, Doutor, aquela arvore era imponente, linda. Se no catolicismo existiu algum paraíso, certamente seria ao redor daquela arvore. Aquela tribo nos disse que suas raízes chegavam até mesmo no mundo dos mortos e por esta razão os corpos deles eram levados aos pés da arvore e enterrados junto as raízes. Eu estava maravilhado. Entende o que é nascer num deserto, onde havia poucas arvores? Onde, além das necessidades, aridez e sofrimento, ainda carregávamos a dor de sermos escravos... Ali eu era livre, não um soldado escravo do sultão Al-Nasir, mas um homem aos pés de Deus.”

As palavras são tão nítidas em minha cabeça, querida... Que... Desculpe, acho que molhei esta folha.
Levantei-me e busquei água, não encontrei ninguém nos corredores e voltei rapidamente para a salinha.
Akila ainda estava lá. Dei água para o mesmo beber e me acomodei na cadeira, assim, ele recomeçou.
Deus, eu podia vê-lo, não era como imaginávamos mas certamente ali, naquela arvore que emanava vida, eu o vi. Se projetando para o céu...”.
“O líder daquela companhia certamente voltaria para casa nos próximos dias, levando-nos consigo e mais alguns meses de viagem. Certamente assassinaríamos aquelas pessoas, daquela tribo, e levaríamos o fruto para o sultão. Todos tão fieis a aquele crápula. Aquele maldito!
“Mas eu não, e quando anoiteceu, desci as escondidas à floresta em direção à Arvore Mãe. E os galhos de Yggdrasil já cobriam meu céu, deixando o caminho até sua base ainda mais sombrio e ali, naquele silencio taciturno, fui obrigado a profanar a terra com sangue daqueles nativos para seguir em frente. Não sabia como escalaria aquela arvore. Mas não mediria esforços para alcançar minha liberdade. Assim o fiz, cheguei a base escura e fria de Yggdrasil, mal via minhas mãos a minha frente. Certamente era uma viagem sem volta... Mas, acredite ou não...”


Ele dera uma pausa e sorriu...
“Já vira uma estrela cadente, não é Dr. Thomas?”
“Enquanto procurava um modo de escalar, algo caiu iluminando a floresta.”
“Era o fruto, Doutor... Ele pulsava, parecia um pêssego, tão grande quanto minha cabeça. Eu o peguei, em minhas mãos, era tão pesado, o peso da Vida.”
“Disseram-me, mais tarde, que a cada fruto que caía da arvore, era uma alma que morria, e que depois se juntava com a terra, como aquele fruto para enfim ir para o mundo dos mortos. Mas eu interceptei um desses frutos, essa alma prestes a deixar de existir. Abri o fruto e ele sangrou em minhas mãos, quente e rubro como a vitae humana. Hesitei por instantes e então, comi do fruto, da carne Fruto de Deus. Entende o que é isso? Sentir aquele sangue quente adentrar seu corpo, o encher de vida?”
“Comi todo o Fruto, engoli até mesmo a casca que parecia pele e guardei suas sementes, quatro delas.”
“Limpei-me do sangue e abandonei as sombras divinas, na manhã seguinte partimos com a informação da existência de tal arvore, sem que ninguém soubesse o que eu tinha feito.”
“Caminhamos por meses... e eu, adoeci. Minha pele sangrava juntos com meus olhos, era algum tipo de punição? Certamente... Fui carregado de volta, demoramos o dobro para voltar e quando chegamos, no Cairo. Al-Nasir já não mais era Sultão, mas os soldados eram fieis a ele. Fui colocado, enfermo, próximo a ele. E o maldito aproximou-se de mim e sorriu.”
“Perguntou a si mesmo em voz baixa, se aquele era o resultado então do fruto... Malditos, eles sabiam, sabiam que eu consumiria o fruto... Al-Nasir então se alimentou de meu sangue e sozinho abrira meu corpo, ainda vivo. Lembro-me da dor lacerante. O terror de vê-lo, sem poder defender-me, divertir-se com meus órgãos. Ele dissera a mim, enquanto me torturava.: O outro grupo que visitara Yggdrasil voltaram todos enfermos daquela maneira, mas os outros que alimentavam-se de seu sangue tornaram-se imortais. Este era o método, tomar o sangue profanado... comer a carne profanada...”
“Então, morri naquela mesma tarde, horas depois de ter chegado. Mas eu acordei, num corpo de uma criança, de cinco anos. Eu renasci. Renasci e me lembrava da vida anterior. Incrível não é mesmo? Passei a viver como outra pessoa, mas havia algo de errado comigo, eu tinha de me alimentar de carne... Não mais podia me alimentar de comida comum. Se não comece carne humana, nada me satisfazia, no inicio fora terrível. Sentia-me um monstro.”
“Mas a cada vez que renascia e vivia uma vida diferente, sendo homem ou mulher, compreendi minha maldição eterna. E já haviam se passado muitos e muitos anos, séculos que deixei de ser Akila Bennu, adotando vários outros nomes desde então, aprendendo varias línguas e culturas. Até eles me acharem... Al-Nasir, ao alimentar-se de minha carne, fora ainda mais amaldiçoado. Proibidos de caminhar de dia para todo o sempre, mantendo um corpo imortal, mas uma alma fraca e doentia. E foi aí que descobri, eles não acharam as sementes que carreguei comigo, eles a querem para tornarem-se seres completos. Entende?”
“Eles vivem até hoje, a minha procura... Eu sei onde estão as sementes, mas eles não sabem... No entanto, eles aprenderam velhos encantamentos e mágicas profanas para aprisionar almas, por isso não posso ser pego. Nunca. Até hoje não conheci ninguém que fosse como eu.”
“Sabe, aprendi também algumas mágicas, feitiços entre outros, por exemplo, eu sei quando e onde nascerei. Não posso escolher o lugar ou tempo, mas sei onde será. Doutor, após toda nossa conversa, ainda tem duvidas sobre mim? Eu o quero para ser como eu. Entende? Posso lhe dar as sementes e... Eu vejo que seu coração é puro. Al-Nasir multiplicou-se com o tempo, agora, há milhares deles espalhados pelo mundo, o que vocês chamam de Vampiros. Não posso lutar sozinho. Preciso de alguém para que eu possa ensinar meus segredos. Alguém que possa me ajudar a acabar com estes monstros... ”


O garoto ficou um instante fitando seriamente meus olhos, então, eu dei de ombros, saindo da sala e ao olhar pelo vidro da porta, seus olhos profundos e estranhos encararam os meus.
Aquilo era absurdo.
Não podia fazer sentido algum, mas o garoto foi convincente, mesmo que aquilo fosse um simples delírio infante, um surto de loucura, um estouro magnífico da criatividade, ele fora muito convincente.
As palavras dele ribombaram na minha cabeça pelo restante do corredor. Fui até a recepção, lá bebi café.
A enfermeira Thompson não estava ali, mas o café estava quente. Bebi dele enquanto refletia o que poria no prontuário. Seria um relatório e tanto. Então, fui até a cozinha, na tentativa de encontrar alguém naquele silencio mórbido. A nevoa lá fora estava dissipando-se.
Atrás de mim, senti um vulto medonho, gélido. Havia um vento surdo e... Desculpa querida, não sei como lhe contar.
Havia alguém ali, alguém mais. Alguém que calava os loucos e os fazia recolherem-se em si mesmo buscando socorro, eu sabia, eu sentia. Havia algo errado. No meu âmago, eu sabia, eu sempre soube.
Então, deixei a razão de lado na morada dos loucos. Deixei minha razão naquele corredor e voltei em direção a Akila. Por instantes eu deixei de acreditar na loucura e passei a acreditar que aquilo tudo era verdade. Não havia nenhum distúrbio comportamental naquela criança.
Enquanto corria, meu coração batia como se fosse a ultima vez que o faria. Freneticamente derramando com balde a adrenalina e minhas veias, meus olhos lacrimejavam e minha pele suava...

Quando entrei na salinha, o garoto estava morto.

E com a nevoa minha loucura se foi, assim como o silencio sombrio que encobria o sanatório Santa Cecília.
Como um coro os loucos gritaram, berravam seu medo reprimido, sua ansiedade contida na profusão insana do subconsciente. Minha frieza fora mantida intacta, minha razão se sobrepôs novamente e me forcei acreditar que aquele garoto, com uma gilete transpassada no pescoço, banhado em seu próprio sangue, era apenas mais um cidadão louco de Green Hall, mais um psicótico, vitima de sua própria mente delirante.
Respirando fundo, levei minha mão até o telefone. Notei a janela aberta, notei pegadas de sangue no chão, mas eu me negava a ver. Me negava a querer levar aquilo adiante, senão, senão eu terminaria como ele. Suicida, diante de um devaneio insano.
Por isso, eu repito, querida. EU não matei aquela criança. Mesmo que minhas mãos estivessem sujas com o sangue dele, aquilo não fazia sentido... As pegadas no chão eram minhas, saindo corredor afora e voltando... Deus. Minha cabeça dó de lembrar.
A policia chegou e eu não tive coragem de me manifestar...
Quando parei para pensar, repassar tudo que havia ocorrido, lembrei-me de algo assustador. Ela não existia. A enfermeira Thompson nunca existiu. Não havia ambulância alguma na porta da instituição. Não havia guardas nem enfermeiro. Será eu que adentrei de madrugada naquele lugar e matei aquele criança, depois fui fazer um café e voltei friamente para ver o corpo? Me dá náuseas lembrar. Imaginar se fora eu mesmo quem fez aquilo...

Mas uma coisa era verdade. A mãe do garoto fora encontrada morta na casa, despedaçada com uma gilete.

EU ter imaginado aquela cena... Não era uma lembrança, não é? Digo, eu apenas imaginei aquela mulher sendo morta. Mas eu não a conheci... Nunca a tinha visto.
E então, me perguntei varias e varias vezes se eu havia enlouquecido
E outras perguntas seguiram-me. Matei aquela mulher e seqüestrei uma criança. Pra que? Seria eu mesmo um psicopata? Tantas perguntas e lembranças, que as vezes creio ser a verdade e outras vezes tenho certeza se tratar de devaneios. Minha mente brincando comigo. Mas o meu terror realmente começou depois disso, Heloíse.
Encontrei, em meu jaleco minha agenda toda suja de sangue.
Demorei ao menos dez dias para abri-la, enquanto fugia da policia... De você, de todos afim de provar a mim mesmo que não estava louco.
Aí encontrei.
Riscado com sangue uma data e hora.
Passei o restante dos anos, após ter queimado aquela agenda com aqueles números repetindo em minha mente ansiosa.
Desde então, “Eles” me perseguem, eu os vejo em toda esquina. Eles rondam meu esconderijo durante a noite... Não Agüento mais isso. “Eles” são poderosos, influentes. Sua simples presença gela pessoas e eles me querem, querem a verdade. Seria eles delírios criados por mim? Um estado em minha psicose fazendo que me sinta perseguido? Creio que não.
Faz doze anos que minha vida acabou. Que não faço nada mais que fugir, que me esconder.

Gostaria de ter minha vida de volta, de voltar para você.

É Hoje, a data que me persegue. Exatos doze anos após a morte de Akila, por isso pedi para que fosse embora, para que abrisse esta carta num lugar seguro. Eles podem tentar te usar para chegar à mim.
Tenho que tirar isso da minha cabeça, o quanto antes. Tenho que ver com meus próprios olhos. Se esta criança nascer, se ela for mesmo Akila, poderei tirar essa amargura de culpa que me tortura tanto... Se realmente Vampiros existem, se Realmente não estamos sós, se estas trevas forem reais, então... Se eu matei aquele garoto... DEUS... Certamente cedo ou tarde encontrarão meu corpo suicida em alguma vala.
A Única razão pela qual sobrevivi até hoje, foi a ansiedade, a idéia mínima de que Akila pudesse ter dito a verdade, que tudo aquilo que aconteceu fora uma ilusão. Se ele realmente existir, se ele é um ser de poder como diz, então certamente poderei reaver minha vida. Quero estar com você, Heloíse, mais que qualquer coisa. Sei que sempre escrevi para você, para dizer como estou... Adoraria nestes doze anos poder ter recebido cartas respostas... EU A AMO, tanto, tanto...
Vou passar isto a limpo. Terminar esta guerra interna entre verdade e mentira. Entre real e Ilusão. Entre a Razão e a Loucura...
Eu a amo, Heloíse, nunca se esqueça... ”


Green Hall
Nicol Thomas.





O sangue pingava agora dos punhos da esposa de Thomas, encharcando a carta e tingindo a madeira de pinho no assoalho da entrada com uma cor forte e rubra. Passadas leves pelo piso, de uma figura sombria, alta de longos cabelos pretos, observava com olhos verdes a velha casa, cada cômodo. O som leve do salto contra a madeira, fora ficando baixo e leve. A roupa preta e o manto que se arrastava ruidosamente também fora sumindo. Houvera um sorrisinho feminino, baixo, impiedoso, luxurioso.
A carta na mão de Heloíse se desfez em pó, que o vento levou para a terra.
A mulher, próxima a cadeira, abaixou-se, colocando ali,próxima a mão da esposa de Thomas uma gilete enferrujada. Desceu a escadinha e se misturou com as sombras do crepúsculo.
Estava frio.
Frio como sempre haveria de ser. Frio e escuro como o lado de fora do Éden. Era assim que devia ser.



Mente in Animo
Fim?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dark Dreams Chronicles - Reinos de Meia Noite

Olá, bom, estou aqui para divulgar a introdução de Dark Dream Chronicles
Espero que gostem... Este texto é postado da mesma maneira crua que os outros, no qual a ideia é colocada da maneira que me veio a cabeça.
Este conto é uma Aventura de RPg adaptada para um romance, é um tanto longo, triste, divertido e com bastante ação e terror.


Enfim...
Vamos ao que interessa, Bem Vindos a Kademo, no alto da Serra Vermelha. Bem vindos ao Sonho Escuro e aos Reinos da Meia Noite.












Introdução.




Kademo
Dois carros subiam freneticamente a serra que ligava Anasty á cidade de Kademo, sendo Kademo a pequena cidade no topo da montanha, ao menos a primeira das cinco cidades que localizavam-se na Serra Vermelha. A estrada com curvas sinuosas e a falta de manutenção no asfalto deram o nome de Serra Vermelha ao local devido aos intermináveis acidentes que ocorriam ali.

O carro preto e de vidros escuros fazia curvas perigosas em alta velocidade e seu controlador, um homem afoito de cabelos negros, olhava atentamente para os retrovisores fitando desesperado a luz do carro de trás que o perseguia.
Ambos não diminuíram a velocidade ao passar pelas placas de aviso de obras. Logo cones eram avistados com pequenas lanternas acesas e os carros passaram jogando lama nas placas e fazendo os cones balançarem por conta do vácuo de cento e quarenta quilômetros por hora.
As árvores e as sombras estranhas regadas ao vento gélido e úmido fitaram os carros passarem pela ponte em manutenção e avançarem sem nem ao menos usarem o freio na curva a seguir. E então, o carro da frente adentrou a floresta.
Impossibilitado de manter o controle, o homem, aflito, avançou com o carro floresta adentro, evitando as arvores e então alcançou o asfalto e a luz atrás de si havia desaparecido e sua ultima olhada para o retrovisor foi um erro do qual se lamentou no dia seguinte...



A Floresta de Kademo era iluminada pela luz da lua cheia. Os fachos luminosos, pratas e azulados adentravam por entre frestas das folhas e galhos, iluminando parcialmente as folhas secas e ervas daninhas que brotavam no solo fértil.
A floresta margeava praticamente toda a rodovia serrana que vinha de Anasty. Também, em certa parte mantinha alguns comércios, como um pequeno restaurante, já bem próximo de Kademo entre outros lugares.
Mas a Floresta de Kademo mantinha segredos dos quais as pessoas das grandes cidades jamais sonhariam ser verdade. E era nisso que Sieg pensava enquanto vestia sua roupa olhando pela janela de sua cabana em meio a floresta, beirando a rodovia. Do Lado de fora ele via suas esculturas de madeira banhadas pela lua. Calçou seu coturno surrado logo depois de por a calça jeans rasgada, em seguia vestiu um sobretudo preto e já sem manga e sem camisa por baixo. Tirou o cabelo ruivo do rosto e fora até a geladeira.
Ao abri-la ele ouviu o som de carro vindo da floresta. Cauteloso, ele fechou a geladeira, deixando a casa no escuro e correu até a janela dos fundos, puxando a grossa cortina vinho de lado.
E para sua surpresa, do meio das arvores vinha a luz de faróis. Sieg correu para a porta, seja lá quem fosse poderia estragar as arvores ou causar um acidente terrível. Ou podia ser...
Ele abriu a porta e correu para a floresta, saltando a cerca de madeira e se prostrando atrás de uma arvore, onde poderia ver melhor quem era o individuo.
Então, houvera algo que chamou sua atenção. Sieg tinha certeza do que tinha visto. Havia claramente a figura de alguém na floresta, alguém mais a passos livres em meio ás folhas secas e caminhando diretamente em direção ao carro, embora sua boa visão o impedisse de ver claramente quem era a pessoa entre as arvores. E então, enquanto sua atenção estava voltada para a estranha figura, o carro colidiu com uma arvore e tudo silenciou. Ele vira a figura indo diretamente em direção ao carro e um rápido brilho do que poderia ser uma faca. Sieg gritou e correu em direção ao carro e num piscar de olhos entre uma arvore e outra, a figura desapareceu num silencio mórbido.
O rapaz alto e ruivo alcançou o carro, olhando atentamente para todos os lados. Havia ali um homem com a cabeça ferida, desacordado.
Sieg verificou seu pulso, estava fraco. Olhou o porta-luvas rapidamente em busca de algo útil, havia ali uma pistola e uma pasta. Sieg guardou a arma nos bolsos internos do sobretudo e tirou o rapaz do carro, deitando-o no chão. Procurou por documentos e então vira o nome do cidadão. Alford Grey, trinta anos.
Rapidamente Sieg procurou por um celular no carro e ao encontrá-lo ligou para a emergência. Ficou ali com o rapaz até a ambulância chegar. O jovem escultor poderia ter negado, mas após refletir um pouco, e para evitar o estresse de responder a perguntas para a policia, resolveu acompanhar o homem até o hospital, que ficava na entrada da cidade.
Friamente ele analisou o que tinha na carteira do homem. Havia ali documentos, cartões de credito e nada de mais, e sozinho ali na ambulância, notou á luz um leve volume do paletó escuro do homem. E ao verificar, havia ali um envelope negro e uma estranha vibração emanava dele...




O som da floresta se incendeia e ecoa, fazendo pássaros voarem e animais tremerem. Gritos silenciosamente hediondos se propagam por todos os lugares e apenas pessoas especiais são capazes de ouvir.
E Lavie Cross escuta, saltando da cama e olhando friamente para a janela com grossas cortinas lilás, era noite, finalmente era noite.
A menina que aparentava ter sete anos vestiu-se com uma blusinha de cor quente amarelada, vestiu sua saia rodada verde, e calçou sua bota preta logo após por sua meia colorida que cobria até o joelho. Pegou sua bolsa, onde carregava uma pequena tesoura de corte de papel, uma caixa lápis de cor o celular novo dado pelo pai entre outras coisas que ela adorava, verificou se estava tudo dentro.
Correu e escancarou a porta de seu quarto e como um vulto passou pelas empregadas, saltando os degraus da escadaria e gritando o nome da governanta;
- Anna! – ela passou pela cozinha e voltou para o hall, procurando pela mulher e gritando seu nome.
Uma das empregadas adiantou-se para a menina.
- Anna está na garagem, o motorista irá leva-la para ver o sobrinho no hospital.
- Não vale! – disse a menina indignada. – Papai não está em casa e agora a Anna também sai...
Lavie correu em direção á porta da frente e atravessou parte do jardim saltando as plantas até chegar a garagem.
Anna estava entrando na Mercedes preta e o motorista já se encaminhava para o volante.
- Me espera – gritou a menina e Ana baixou o vidro do carro, voltando-se para a infante.
- Nem pensar srta. Lavie, seu pai ficaria muito furioso se soubesse que eu a tirei de casa sem que ele soubesse. Além do mais vou até o hospital, não é um lugar agradável.
Para Lavie, Anna era o que ela tinha mais próxima de mãe, ás vezes se via fantasiando como seria se Kaien, seu pai, ficasse com a Anna. Mas Kaien, apesar de dar tudo para menina, era um pai rígido e serio e suas ordens deviam ser acatadas a qualquer custo. Lavie não deve sair sem o consentimento dele, jamais.
Mas mesmo a Anna ficava com pena da menina e quase sempre cedia aos seus pedidos, e quase sempre saia escondido com ela.
Bastou a jovem choramingar um pouco mais e Anna já estava destrancando a porta de trás e ajudando a menina entrar.
- Vai ter de se comportar, ouviu bem?
A menina fez um gesto afirmativo com a cabeça e então pegou de sua bolsa o celular que seu pai dera.
- O que vai fazer? – perguntou a governanta.
- Ligar para o Papai...





É fato que Kademo é uma cidade velha, com quase duzentos anos e desde então prosperou muito, de um povoado simples de colonos surgira uma cidade com alguns prédios. Kademo começou a se desenvolver do centro para as beiras. Centro que é agora uma praça com um prédio histórico, aberta de dia para os visitantes.
A zona urbana da cidade mantém alguns becos decrépitos, lugares sombrios e esgotos nojentos e grandes. Apesar de manter-se no topo da montanha, dividindo o espaço com mais quatro cidade, Kademo mantém atualmente cerca de oitenta mil habitantes. É uma cidade prosperando independentemente de qualquer estado.
Mantendo variados estabelecimentos comerciais que abastasse toda a cidade e ás vezes cidades vizinhas no topo da Serra Vermelha.
E entre as pessoas importantes e conhecidas de Kademo está Eleonor uma mecânica excêntrica. Fascinada pelo steampunk e disposta a criar qualquer coisa que sua imaginação mecânica puder conceber. Prova disso é seu feito, um dos quais mais se orgulha, um carro movido a vapor, feito de sucata. Às vezes é possível vê-la, sempre a noite, com o carro, barulhento e fedorento, exalando fumaça pelas ruas.
Muitas vezes ela faz consertos nos carros da cidade, mantendo um trabalho noturno de emergência e ao mesmo tempo discreto.
Agora era noite na cidade velha e as luzes de postes, prédios e casas estavam acesas para criar um falso dia, o ambiente maravilhoso para Eleonore começar seu turno. Turno do qual ela começa ajustando o vestido em si mesma, pondo uma meia arrastão e sapatinhos de leve saltos.
Penteou os cabelos cacheados e ruivos, fizera uma leve maquiagem e então, antes de sair, pôs na cabeça uma cartola.
E só havia um lugar no qual poderia conseguir seu café da manhã antes de começar a lidar com os problemas noturnos. Tinha de se alimentar antes de se infectar com a dor lancinante da falta e da culpa e da lua cheia. Para apaziguar sua dor de cada noite em que se olha no espelho e lembra dos uivos em Londres.
E só havia um lugar onde ela poderia pegar seu alimento sem causar problemas, a vitae que a alimenta a cada noite, que deixa as veias dos mortais; O Hospital.

A noite em Kademo sem duvidas pertence aos predadores.



Dark Dream Chronicles
Os Reinos de Meia-Noite
Introdução - Fim

Eis que evolto....

Bom Pessoal, desculpe a Demora... HEHEHE

Mas enfim, venho repassar as boas e para dizer por onde andei.
Muito aconteceu desde a ultima postagem ( fas tempo) mas vou tentar aos poucos manter uma certa... frequencia por aqui.
Enfim, para repassar as boas...
Tenho ficado focado no novo Deviant art que fiz.
http://www.macroproject.deviantart.com/
Aí tem artes pintadas para a HQ de Karina, desenhos de Samuel Lisboa, ilustrações... Tem sido gostoso voltar a pintar novamente.
Também me ocupei um pouco estressado com o Vestibular, enfim.... PASSEI!
Educação Artistica, começo ano que vem, mas tenho que ir pagando agora...T,T'
Também, para completar, voltarei a dar aulas de desenho, e entre tudo isso to tentando arrumar tempo para escrever. Estou empacado em variados contos. Seja um que fala sobre imortalidade ou um que fale fadas... enfim.. VARIOS de terror com apartamentos de arvores sombrias.
Enfim.
Mas por hora tenho algo que gostaria de postar.
Chama-se Dark Dreams Chronicles - Reinos da Meia Noite.
segue uma linha parecida com Zênite, de terror fantastico. Quem sabe ainda hoje eu não começe a postar.
Mas eu tenho um carinho muito grande por este conto, pois ele nada mais é que uma Aventura de RPG que comecei a romancear... quem sabe não dá certo?
Bom.. agora tenho que arrumar fundos do inferno para poder pagar a faculdade, por a cabeça no lugar para estudar, escrever e pintar ( valendo money kkk)
Até a proxima postagem.
^^
Abrçs a todos vocês.

sábado, 3 de julho de 2010

Luxúria - Insanae Afecto

Antes de iniciar o Conto, creio que deva fazer algumas notas.
Mas não estou com vontade...
Enfim, criei essa personagem há uns bons anos. Mas nunca escrevi nada sobre ela. E imaginei que, seria interessante contos sobre ela passados em variadas épocas.
Mas escolhi uma época legal para um primeiro conto.
Antes seria de uma outra serie, Zênite, cuja qual depois falarei aqui. Já aviso, está sem revisão, mas tenho uma certa pressa e uma certa preguiça para revisar.
E então, vou postar ele de forma crua. Ainda que talvez eu o mude...
Mas espero que a leitura seja agradavel.
Ainda que com uma narrativa triste e melancólica.

Enfim... Boa Leitura.








Luxúria - Insanae Afecto




O som do papel roçando o piso de madeira e o seguido som do sininho do carteiro, fez com que o homem se adiantasse a porta da sala e ver ali, o envelope endereçado a seu nome a sua espera, era um envelope branco. Ao pegar, nota o nome familiar do remetente, uma mulher cuja qual não tem noticias a pouco mais de seis anos. Ele senta na poltrona, repousando seus pés sob um tapete persa, ascende charuto e começa a rasgar a parte lateral do envelope, devidamente selado.
Suas mãos suavam ao segurar o papel, uma doce nostalgia junto do perfume da carta o trouxe belas lembranças, era um papel, redigido a mão, mas não era a letra que conhecia...
Levou a mão aos cabelos grisalhos, pôs a carta de lado no braço da poltrona e foi até a vitrola, escolheu um som relaxante para deixar tocar, era um momento especial para ele, Karine o havia enviado uma carta... Doce Karine...
Sua esposa ia demorar a chegar, havia ido a feira junto a suas amigas dondocas, havia tempo para ler aquelas quatro paginas de texto perfumado.
Olhou para a carta de longe, duas folhas ao lado de um envelope rasgado. Puxou a fumaça do charuto e junto dela deixou a musica entrar pelos seus ouvidos.
Doce Karine...
A carta estava agora em suas mãos suadas, e então, ele começa a ler.

Greenhall, 23 de Maio de 1922

“No inicio, não sabia se ia escrever esta carta, tampouco sabia se talvez a leria de bom grado depois de tudo o que tivemos e de como acabou.
Mas devo admitir, ainda o amo e por isso, para ser honesta comigo mesma, achei que você devia saber, ainda que sejam fatos terríveis, incompreensíveis e aterradores. Neste momento, no momento em que esta carta está sendo redigida, fazem exatos cinco anos e quatro meses que o fatos a seguir ocorreram. Uma enfermeira está redigindo para mim.
Peço para que leia até o fim, por mais impressionante que isso tudo possa parecer, embora ninguém acredite em mim, nem mesmo a pessoa que está escrevendo, mas mesmo ela e o meu medico acreditam que talvez seja melhor para meu tratamento que eu lhe relate sobre isso.
Há seis anos desde a ultima vez que o vi, naquela festa para as pessoas nobres. Você estava tão bonito e charmoso naquele terno branco com uma gravata borboleta. Lembro-me de sentir impaciência de vê-lo conversando com aqueles homens. Aguardava ansiosa que viesse até mim. Havia me preparada toda, havia feito maquiagem, comprado um belo vestido carmesim, lembra?
E então, quando a banda começou um solo lindo de Sax, você voltou seus olhos para mim... Pareciam duas safiras num mundo cinza. Você sorriu e acenou, num gesto cortês.
Permaneci ali, apenas a observar meu amado... Até que, num momento de distração, você estava diante de mim. Senti suas mãos quentes tocarem meus ombros. Pôs seu terno sobre minha pele e então me serviu uma taça de vinho.
Bebemos na varanda e logo depois, estávamos em seu carro, nos dirigindo para o hotel no qual estava hospedado. Lembro-me de como beijava meu pescoço e tocava minha pele com um desejo ardente, eu sentia o mesmo, meu amado. Eu era jovem, tola e apaixonada. Adentramos seu quarto e então nos amamos como nunca o havia feito. Foram os melhores dias de minha vida, aquelas semanas em que esteve em Greenhall, mas também foram minhas ultimas semanas felizes e naquela noite, meu amor, você me matou. Senti as agulhadas de cada palavra dita a mim sobre a verdade que eu me negava a aceitar. Se soubesse que era casado, desde o inicio, eu jamais teria me aventurado nessa paixão, jamais teria dado brechas... ou talvez teriam ocorrido tudo da mesma forma. Como te amei, como te amo.
Então, você se foi.
Se foi, deixando para mim todo o sofrimento, amargura e decepção que eu jamais soube que existia. Tais sentimentos são tão cruéis, tão terríveis e como pode destruir a vida de uma pessoa. “Mas o pior veio nas semanas seguintes, quando descobri que estava grávida de um filho seu.”


Nesse momento os lábios e mãos do homem estavam trêmulos. Ele pôs o charuto no cinzeiro e foi até a janela, olhou por entre as cortinas e não havia sinais de sua esposa. Desligou então a vitrola, e mais uma vez fitou de longe os papeis, desta vez com amargura, tensão e tristeza. Não sabia mais se queria ler aquilo... Ele se sentou em outra poltrona, passou a mão no rosto agora suado e respirou por alguns segundos... Karine... Karine têm um filho seu? Um filho cujo qual sua esposa, em uma vida de casados, não pôde lhe dar. E então, em uma aventura numa viagem a negócios... Não era possível de acreditar.
Karine possivelmente era uma dessas que tentavam dar o golpe da barriga? O medico disse que não poderia ter filhos, isso não era possível.
Ele respirou, olhou para as mãos.
Seria insanidade da parte de Karine vir lhe pedir algum auxilio agora. Nunca cairia numa historia como esta. Mas se esta mulher aparecesse agora, isso poderia significar o fim de um casamento. Não. Não.
Tinha de terminar de ler.
Sentou novamente junto da carta e com a mão na barba e os olhos azuis tensos e quase lacrimejantes, continuaram a ler a carta perfumada.

“Não contei a ninguém sobre a gravidez e eu podia sentir sua vida dentro de mim. Um mês se passou e então dois. E eu podia sentir o prazer de ser mãe, de carregar ainda como um presente de um amor perdido para sempre. Porem, a barriga começara a crescer e as pessoas começaram a perguntar, e burburinhos começaram pela vizinhança. EU não tinha mais escolha, senão admitir sobre a vida dentro de mim. Meu pai de batera quando soube e minha mãe, por mais chorosa que ficara ao observar, não fizera nada por mim, nada. Soube ali que jamais queria ser como ela. Será que ninguém entende?Quase que de imediato eu peguei minhas roupas, pusera numa mala que peguei de minha mãe, e ainda naquela noite eu parti. Ah, como doía, meu amor. E pelas ruas, nas noites chuvosas e frias eu tinha esperanças de encontrar-te em alguma travessa. E chorei noites afinco pensando em você. Por sorte eu pude encontrar uma boa senhoras que me dera abrigo, me dera de comer e ensinou-me uma ocupação. Ela tricotava para lojas de roupas próximas. Ensinou-me a bordar e mais um tanto de outras coisas que nem minha mãe sabia. Durante meses não sai de casa. Pareceram anos de angustia, pois ninguém de minha família procurou-me. O bebê estava crescendo, saudável e remexia-se dentro de mim. E então, certa noite, eu a vi. Uma mulher alta de longos cabelos lisos, olhos verdes como esmeraldas. Era linda, elegante, jovem e atraente. Seu perfume incendiou a casa da Sra. Saint.
A mulher, ao que pude notar de primeira estância estava atrás de tecidos. Mas logo depois de conversar comigo, notei que seu interesse era por mim... Ah meu amado, eu devia ter notado, devia.
Ela ofereceu-me uma proposta irrecusável. Disse que, se eu quisesse vender a criança de meu ventre a ela, ela pagaria muito bem. Era uma quantia enorme de dinheiro, eu poderia ser rica... mas eu neguei. Talvez pela esperança de te encontrar um dia, com a idéia insana de que poderíamos ser felizes. Neguei, a pus para fora com ódio e a Sra. Saint me acalentou. Oh querido, não queria ter de lhe contar sobre o que vem a seguir, o quanto dói lembrar disso. E é por este motivo que estou aqui. Neste sanatório em Greenhall.

Passaram-se sete dias desde que encontrei aquela mulher sedutora, e então, ela viera novamente. Era noite... Lembro-me com clareza destes fatos.
Estava deitada em minha cama, e ainda acordada, pois estava a ler um livro. Senti frio, ouvi portas baterem e então, gritos. Sra. Saint, eu gritei e caminhei até seu quarto, tudo estava escuro e as janelas do corredor estava aberta e as cortinas dançavam. Passei pela sala para ir ao quarto da senhora. Eu juro... eu vi. Vi Vultos passarem pela sala, embora meu medico diz que fora tudo alucinação. Eu vi.
Um vaso caiu, as sombras dançavam por onde a luz de fora podia entrar. E então, quando alcancei o quarto da pobre senhora. Ela estava morta em seu leito, a cama empapada de sangue. Por Deus, essa imagem não sai da minha cabeça, seus olhos estavam abertos. Olhando para o teto e nele... Havia alguma coisa ali, escura como sombra, mas tão sólida e palpável quanto o próprio teto. Vi olhos verdes, brilharem e olharem para mim. Eu gritei, corri pelo corredor. Cheguei a sala e então, como não percebi antes, a casa estava infestada deles. Todos presos as paredes, com olhos verdes e claros, com brilho próprio. Me observavam. Tentei correr, mas minha bolsa estourou neste momento. Senti as dores da contração. Eram terríveis, nauseantes. Vomitei enquanto me arrastava pela porta, gritando na esperança de que alguns visinhos acordassem e viessem acudir-me. Mas ninguém veio. Ninguém. Então, ela abrira a porta da frente, vindo em minha direção, usando um vestido preto, extremamente decotado. Sua pele era branca e seus olhos mantinham um brilho peculiar das outras sombras ao meu redor. Eu baixei a cabeça contra o piso e rezei enquanto aquele som maldito dos sapatos dela aproximava-se de mim. O cheiro de seu perfume invadiu minhas narinas, impregnando-a, ainda sinto tal cheiro adocicado, misturado com o odor de fornicação.
Ela viera até mim e sussurrou em meu ouvido. Eu queria meu bebê, a qualquer custo. Deus, como pode fechar os olhos para mim naquele momento? Mas apesar de eu rezar, de achar injusto que tudo aquilo estivesse acontecendo, era em você que eu pensava. De alguma forma esperava que você entrasse pela porta e me tirasse dali. Como sou iludida...
Aquela mulher... Ela... Enfiou sua mão dentro de mim e a tirou... Nossa filha, nossa bela menina. Deus... Ela tirou de mim. Era tão linda sua filha, e tinha seus olhos, azuis como safiras.
A dor era insuportável, tanto a física quanto e a dor de ver aquela mulher sumir porta a fora e todas aquelas sombras e acompanharem como um turbilhão que jogou todos os moveis para os lados.
Eu gritei, chorei... Arrastei-me até a porta enquanto sangrava, mas ali fora não encontrei ninguém.
Deus...
Deus...
Quando me dei por mim estava no hospital, minha mãe segurava a minha mão e meu pai estava adormecido em uma cadeira.
A abracei e chorei e então lhe contei a verdade, e ela me olhou consternada. Disse que eu havia fugido de casa, mas que nunca soube que eu estava grávida e mesmo quando meu pai acordara. Disse que não sabia sobre aquilo. Lhe disse de quando ele me bateu e ele ficara horrorizado. Disse que me encontraram na rua, com os pulsos cortados.
E eu olhei minhas mãos, estavam realmente enfaixados. Eu tentei me levantar, aquilo não podia ser verdade, e minha filha? MINHA FILHA!
Os médicos chegaram, disse que eu nunca estive grávida. EU surtei, fui violenta, e minha dor, minha perda? Ainda podia sentir meu ventre violado.
Fui transferida para os hospital psiquiátrico. Ainda me nego acreditar que tudo aquilo que vivi fora uma alucinação, ainda sinto o cheiro dela, ainda tenho o cheiro de sangue nas mãos. Ainda vejo os olhos azuis de nossa filha quando fecho os olhos. Onde estive durante o tempo que estive fora de casa? Foram meses...
Não sei como encerrar essa carta, ela faz parte do meu tratamento. Ainda que me negue a acreditar que fora isso tudo uma ilusão.
Não sei se você vai acreditar em mim, ou se vai mesmo ler essa carta. No fim, acho que tanto faz, nada vai mudar meu estado. Jamais.
Meu amor, espero que ao menos esteja sendo feliz em sua vida. De verdade.

Não desejo perturbar sua vida pacata. Com sua esposa e talvez filhos. Só queria que você soubesse de tudo o que aconteceu desde que nos encontramos pela ultima vez.
Desejo a você, toda a felicidade do mundo, e apesar de toda a dor que senti, de toda a tristeza, eu não o culpo.

Um beijo em seu rosto, espero que ao menos o perfume desta carta lhe faça lembrar de mim.

Até mais.


Karine Fransier”



O homem terminou de ler a carta com lagrimas no rosto, que pigavam molhando o papel em suas mãos. Depois daquilo, certamente sua vida não seria mais a mesma. Mesmo que ela tivesse tido tal alucinação, a culpa era dele. Era isso que sentia. E se ela tivesse tido realmente aquela filha, a filha cuja qual nunca tivera. O que devo fazer? Ele pensou.
Mal notara que sua esposa estava abrindo a porta. E então, o encarou, com os olhos vermelhos e inchados. E por mais que ela perguntasse o que estava havendo, ele não abria a boca, não tinha forças para falar. Estava destruído com papeis na mão.
Ele entrou a carta nas mãos da esposa, pegou o casaco rapidamente e as chaves do carro. E deixou a casa.
O destino? Talvez o Sanatório Municipal de Greenhall. Mas isso seria outra historia. Ali, sua esposa lera a carta e certamente vite e quatro anos de casamento tenha ruído, mas ela conhece o marido que tem e certamente o perdoaria, afinal ela nunca pudera lhe dar um filho.

Mas enfim, Era fato que talvez, a mulher de olhos Verdes pudesse ser, na verdade, Luxuria. E ela, certamente está olhando para você neste momento, Mas isso pode também ser uma alucinação, uma ilusão... Ou não.

















Douglas Reverie

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Doentes da Alma

Estive refletindo sobre para onde a humanidade caminha. Estamos deixando de lado tanta coisa, para nos deslumbrar com coisas tão grande mas que não pertence a nossas mãos. É verdade que mesmo a Igreja Católica, a maior potencia mundial, vem perdendo seguidores. Agora, Entre nós, Muitos são ateus. Desacreditam em Deus ou Espirito. Acreditam na Ciência, que nos mostra uma possível evolução. Nos mostra de onde vem quase tudo e para tudo tem uma explicação, mas Deus não está em suas teses.
Não que eu acredite em Deus como muitos o vêem. Creio que Deus seja uma outra coisa. Acredito em Alma. Em Espíritos.
Mas em relação a aqueles que não acreditam mais... tenho a lamentar, pois agora, em falta de um Deus em que acreditar, cometem pecados sem medo. Quando falo em pecado, falo sobre fazer mal ao próximo, á terra onde vivemos. Tudo. Jamais faça a alguem aquilo que não deseja a você. Não destrua o lugar onde Vive. Seja ele Seu quarto, Quintal, Rua, Bairro, Cidade... O mundo onde vive deve ser respeitado. Não cuspa no prato em que come.


Bom, já comecei com um Devaneio... vou dar entrada em outro.







"Mesmo os Deuses Caem, perdem seus poderes caso ninguem mais acredite neles. Foi assim com os deuses Gregos, Egípcios, Incas, Mayas.... Mesmo agora. Como será daqui para Frente, e que Divindade mais A Humanidade Inventará para justificar seus Atos?
Em Nome de quem vão matar? Sacrificar ou mesmo jogar a culpa por todo o mal do mundo?
As pessoas estão esquecendo suas Raízes e mesmo a Terra Chora. E para o Humano, Os Humanos são Deuses agora. Criamos Vida, Reproduzimos Estrelas. Tentamos caminhar pelo cosmos com naves. [...]"

"Mas poucos são os que buscam a si próprio. Poucos são aqueles que prestam atenção no orvalho nas folhas de cada manhã e insentiva uma criança a acreditar em estrelas cadentes. Poucos são aqueles que estedem a mão sem interesse algum, sem pensar num bem maior ou o bem próprio, apenas o bem. O bem Maior trouxe apenas Guerra. Caminhamos de mãos separadas. Somos estranhos de frente um ao outro. Somos muitos e jamais viveremos uma irmandade como Matilhas e Revoadas. Como Clãs e Tribos do passado.
Esquemos de olhar o por do sol e a aurora, atos tão belos. Esquecemos o simbolismo da chuva. Do Sol. Da Terra e o simples ato do nascer.
Deixamos de lado o simbolismo do nascimento e buscamos a explicação. Sabemos agora como fazer outro Humano. Sintéticos.
Profanamos Terra, Ar e Água. Abrimos lentamente uma cratera no ceu. Queimamos, morremos dia a dia. E em meio a toda esse caos, ainda conseguimos evoluir. Uma evolução não tão benéfica. Em breve não teremos mais água, não teremos mais ar. A Terra será completamente infétil. Não poderemos nos repruduzir, as doenças nos assolarão. Criaremos a nós proprios em Laboratórios. Humanos Artificiais, é isso que seremos. Para comer menos, beber menos, respirar menos. Fugiremos para debaixo da terra ou alçaremos vôo para as estrelas. Não pelo bem científico, mas pela fuga. Dor e Fome.
Somos Doentes da Alma, e em breve nem isso teremos mais."










Douglas Reverie

quinta-feira, 24 de junho de 2010

"No Qual a Chuva Cai"

Hoje, talvez pelo cansaço... Não, não estou cansado. Hoje, pela tristeza.
Isso, talvez tristeza se encaixe melhor.
Hoje, pela tristeza, fiquei inclinado a talvez escrever algo móbido, clichê e talvez não tão feliz. Não que eu escreva coisas assim, felizes... Enfim.
Espero que gostem.
até mais.





"No Qual a Chuva Cai"





"Estou na varanda nesta manhã, sinto o vento gélido tocar meu rosto trazendo o doce aroma de chuva. Olho para o horizonte, por entre as arvores. Vejo, antes mesmo do sol raiar, nuvens escuras como a noite. Deixo meu corpo 'embalar'no balanço da cadeira, deixo o vento desmanchar meu penteado, gelar meu rosto e minhas lagrimas. Ouço trovões, longínquos, mas ainda sim tão tocantes. Os relâmpagos claream minha face e o vento se intensificar. Ouço o farfalhar das folhas das arvores e sinto a queda de cada uma no gramado.
Meus cabelos grisalhos dançam no meu rosto. Sinto a escuridão aproxirma-se, tão triste, tão melancólica e sofrida. Embora toda a natureza peça por um momento como este. Por água abençoada dos céus, eu sinto o contrário e mesmo que eu negue e minta, não vejo vida alguma ali. Vejo apenas a escuridão encobrir o que provavelmente seria minha ultima aurora. Tenho medo. Talvez eu não esteja pronto. Seguro forte o braço da cadeira. Deixo balançar enquanto o som, rangidos, trovões e a dança das folhas, me embalam. Sentia o fim... Vida, Morte... Um ciclo talvez, mas não queria que fosse agora. Nem nunca. Enquando divago, mal noto o som batucado das gotas pesadas cairem sobre o telhado, e que, lentamente almentaram a intensidade e quantitade. Vejo a cortina gélida bloquear a varanda para o lado de fora e tuda se molhava. Tudo. O vento fazia a água chegar em minhas roupas e minhas sandalhas. E enquanto estava molhado, meu rosto também respingava, mas não era chuva...
E então, enquanto me lamentava pelo triste fim. Eu a vi. Agora acredito, todo homem sabe a hora da morte. Eu soube assim que abri os olhos esta manhã. E estou a sua espera, aqui fora, no vento, no frio umido.
Ela vinha, lentamente pelo jardim. Seu rosto era belo e gentil, embora não houvesse palavras para descrevê-la. Com suas asas negras, ela bloqueou a água e se pôs em minha frente. Segurou minha mão e me ajudou a levantar, e quando estávamos no jardim, a agua já não me molhava mais. Não havia dor, não havia tristeza. Apenas alívio.
Não ousei olhar para trás. Tive um certo receio, pois eu sabia o que veria. Ouvi os prantos enquanto minha filha gritava meu nome. Não ousei olhar.
Caminhamos pelas arvores, passamos pelas colinas e enfim parou de chover. O sol estava lindo, como um globo dourado reluzente a clarear tudo.
Embora fosse um local perto de casa, nunca o tinha visto antes. Campos tão lindos e com tantas pessoas. E entre elas, uma destacava-se. Linda como lembrava-me ainda jovem. Senti a Morte soltar minha mão e logo após senti o abraço quente e maravilho dela. Os beijos e as carícias. Como senti sua falta, como pude ficar uma vida inteira sem você? Enfim..."




- Douglas Reverie

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sobre Mim, Sobre Flores, Animais e Deuses... Ah, sobre mim apenas

Até agora quase não falei de mim... Bom... vamos falar então de como surgiu a ideia deste blog, um pouco de mim e outro pouco do que não sou, ainda que queira ser e um dia, talvez, serei.

A ideia para este blog, começou a alguns anos atras, uma amiga, Ursa, me disse "Flor de Lotus, porque não faz um blog, é tão legal."
Ae então, eu pensei "porque não?"
No entanto, criei o blog e não sabia o que postar nele. Talvez alguns de meus contos na época ( o nome no blog era Douglas Vermento, nome pelo qual meus amigos me chamam)
Após alguns dias, eu desisti... aliás, coisa que faço com uma certa frequência. Chega a ser o cumulo, um carma... ou uma maldição, não sei. São raras as coisas das quais consigo dar um fim.
Normalmente acaba ficando no meio, incompleto, inacabado... paralizado. Não importa o nome...
Mas voltando...
O blog ficou uns 3 anos paralizado. Não tinha feito nada nele.
E agora, voltei. Alias, este blog era como um cmodo do fundo de sua casa, que você ergue olha pela porta e depois sai, trancando dele. Agora, eu voltei, pintei as paredes e pretendo morar por aqui. Queria, ainda quero, fazer deste cômodo um cantinho onde pudesse me abrir, ainda que para amigos, pessoas estranhas...
Enfim.


Acho que hoje, ao contrario das outras vezes, apesar de minha decepção, dor no corpo e um pouco de raiva, falar sobre mim. Do quanto sou, no final de tudo, um tanto melancólico, deprimido... Mas não exatamente triste. De como eu dramatizo coisas simples e o quanto eu ignoro acontecimentos serios.
Acho que eu, assim como vc, leitor que teve a coragem e ler esta postagem, estou em busca de Felicidade.
Ebora, em 23 anos de vida, creio que a felicidade plena de fato não exista, é apenas uma Utopia das pessoas, um Devaneio infantil. Acredito em Momentos Felizes, que acabam por nos inspirar a continuar em frente. Nos faz rir atoa ao lembra-lo. Alegria momentanea.

Tenho amigos que neste momento passam por uma situação psicológica conturbada, com problemas. Seja ele amor, dinheiro ou desejo. Mesmo eu carrego estes problemas. Não só Delirio, Um Semi-Deus ou a Flor de Hibisco... sejam Ursas, Assassinos ou o Sol de um Mundo Distante...
Opa, acho que cai em um devaneio ( uhauhsuhash)


Mas enfim...
tenho espectativas no futuro... e se eu pudesse... se eu pudesse de verdade, poria ao menos um sorriso no rosto de cada um dos mencionados acima. faria momentos alegres, dos quais eles levariam para o resto da vida. E que ao lembra-los, o sorriso brote, ainda que timido, no canto da boca.

Queria ser diferente, queria preencher os desejos de cada um de vocês. Vender uma ideia, um desejo, um ânimo que seja em troca de um momento feliz.

Vocês sabem que daria o sol para para vê-los contentes.

Ínfimas foram as vezes que sacrifiquei minhas vontades para ceder a vontade do próximo, apenas por prazer de fazê-lo.

Sem arrependimentos, Dor... apenas prazer de ajudar. Nada em troca senão a satisfação. E as vezes eu me odeio por isso. As pessoas aproveitam-se MUITAS vezes da bondade que cedo.
Mas nem sempre sou bom... nem sempre cedo aos desejos fugazes dos outros.
Tenho meus desejos, ainda que insanos, ainda que simples, ainda que ardentes. Sempre os terei. Variados sentimentos. E quando revelo alguns destes para alguem, eu não minto.
Mesmo que acabe machucando alguem importante.




Ah... n quero mais falar.
Chega de desabafo, acho que você já sabe quem sou. Goste ou não....




Ah, aguarde a proxima postagem... Daqui para frente, apenas contos.

Obrigado por ler até aqui.
Passar bem Mademoisele & Monsieur...






Douglas

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobre o Povo de Danu e o Mar Dourado

Boa Noite, mais uma vez...
Hoje, enquanto estava no trabalho, fiquei pensando sobre o que escreveria hoje.
pensei em dois nomes. "Luxúria" e "O Povo de Danu". E após Ponderar, resolve que escreveria sobre o Povo de Danu. Luxuria ficará para a proxima postagem.
Este Conto relata sobre Glenn Vaughan, um guerreiro. Talvez do País de Gales que tem a difícil tarefa de escolher um presente para os caprichosos Sidhes.

Bom, chega de conversa, não?

Espero que goste de mais este devaneio.
Até mais.



Sobre o Povo de Danu e o Mar Dourado



“Aqui estou, sozinho no deserto causticante. As areias pareciam lâminas quentes ainda sendo forjadas pelos ferreiros de minha tribo. Minha capa de cor vermelha sobre minha cabeça, antes um estandarte, agora é minha proteção contra as queimaduras de Bran, que açoita minha pele. Sinto falta da minha terra fria com campos verdejantes, de animais aqui e ali. Minha refeição agora se resume á cobras, escorpiões e eventuais aranhas. Minha água acabou faz dois dias e tenho quase certeza de que vou morrer desidratado... Ao longe avisto uma montanha, majestosa de pico nevado, mas está há muitos dias a frente. Aí vem outra tempestade de areia, resta apenas meu escudo para proteger-me, pois minha espada e lança abandonei ainda nas praias, junto aos meus homens mortos em combate com os viventes deste mundo velho e enegrecido.
Acima de mim, aves carniceiras rodopiam esperando a refeição cair de joelhos e desistir. Mas não vou desistir, sou um guerreiro abençoado, tenho uma missão, tenho uma honra. Dei minha palavra que voltaria.
Por vezes, enquanto tinha visões ensandecidas causadas pelo calor que sobe pelo mar dourado de areias e ondas paralisadas de dunas, o que faço aqui? Porque vim a tão longe? Minha barba e olhos cheios de areias por vezes eram quase, mas só quase, eram banhados pelas lagrimas, das quais nunca me permiti deixar sair. A deusa está comigo, mas duvidei dela varias vezes assim como ainda duvido. Mas Dagda estará comigo, ele sabe o quanto fui longe e o quão corajoso fui afim de cumprir minha missão, e da Seiva se seu Caldeirão eu beberei.
Mas antes, ao menos, deixe-me ver uma ultima vez minha esposa e filhos...
Enquanto suplicava, mal notei que a tempestade havia passado e mais uma vez me encontrava deitado na fumegante areia, malditos pássaros. Já voavam baixo afim de certificarem minha morte. Pobres coitados...
Um deles desceu perto suficiente de minha faca, joguei meu escudo e o agarrei, enquanto a grande ave me bicava. Os outros pássaros subiram o mais alto que podiam, afim de não serem pegos. Ao menos garanti uma refeição descente.
A noite fria veio então me assolar enquanto distraído com a carne dura e escura do pássaro de penas negras.
Se existe um inferno, talvez ele seja como este maldito deserto, O dia era insuportavelmente quente e a noite... tão fria quanto as minhas montanhas e o vento era seco e gélido, o que me restava era encontrar uma duna na qual o vento não me pegaria.
Amaldiçoei Danu, gritei aos quatro ventos na noite passada e mais uma vez gritarei. Porque ?
Porque estou aqui?

Tremendo de frio, ainda consegui dormir, meu estandarte vermelho cobria-me a pele ferida e agora escura. A areia antes quente, agora era como os blocos de gelo do Além-Norte.
Porque?
Porque estou aqui?

Devia ser minha danação em vida. Pelos maus que fiz nas ilhotas, pelos saques, pelas mulheres que forcei...
Toda noite penso sobre isso. Mas agora, devo ser forte.
Fui um grande guerreiro e contra criaturas inacreditáveis eu lutei, massacrei milhares de inimigos em nome de minha tribo. Os druidas me deram a benção para que eu não morra, Dagda não há de trair os pactos feitos com a tribo.
Mas agora, perante o céu iluminado pelas estrelas eu faço um juramento. Grito maldições para os céus, ainda que um dia eu seja cobrado por tais palavras.
Mas jurei, jurei, jurei.
Vim buscar um presente para os Sidhes, escolheria algo, algo que certamente traria a danação de seu povo. Eu faria isso.
Seria minha vingança, minha maldição contra os esnobes Tuatha Dé Danann.
Que o fim deste povo chegue, com o presente que dareis.
Ri por dentro.
Gargalhei por fora. Gritei prantos longos e as estrelas eram minhas unicas testemunhas, achei que estava até mesmo longe da visão de Dagda...
Eu sou Glenn Vaughan e rogo minha praga contra os Tuatha Dé Danann, e rogo para que ao menos as estrelas me indiquem que presente dar-lhe-eis.
Banhei-me de prazer e insanidade ao imaginar a ruina do Povo de Danu
Mais uma vez não dormi, e pela manhã, ainda que fria, a Aurora tocou o horizonte destas terras virgens para meu povo.
Peregrinei em direção das montanhas, logo, a visão já mudava, haviam ali arvores de aparencia seca e ruidosa. Não havia agua, e enquanto caminhava por aquele solo rachado e batido, ao longe ouvi risadas. Gargalhadas funestas.
Em bando elas vieram, a pele pintada, o focinho escuro e sem pelo como se houvesse pêgo sarna ou coisa pior. Eram pequenas, mas rodiavam-me, gargalhavam debilmente enquanto babavam em seus olhares fixos. As praguejei, e como um guerreiro, impus minha vontade, demonstrei ferocidade, mostrei os dentes, fui ameaçador.
Elas partiram, assustadas. Uma delas feridas, assim como eu.
O mar dourado ficara para trás. Agora, havia galhos com os quais poderia fazer uma fogueira. Como sinto falta de meus filhos...
Enquanto olho as chamas arderem , tenho devaneios de meus filhos dançando em torno dela, de minha esposa com pães ainda quente, queijos o fruto da videira.
Sinto falta de tudo isso.
Mais uma vez duvido de Dagda. Será que ele olha por mim, mesmo em terras longínquas? Será que ele olha por mim, ainda que um mortal em uma missão medíocre? Malditos Tuatha Dé Danann. Malditos sejam os Sidhes.
Algo chama minha atenção, olhos brilhantes prescrutam a campina seca, refletindo a dança da fogueira.
Eu grito, rogo praga contra aquele que me quer mal. Digo que os deus caminham ao meu lado, que nada temerei. Exijo sua presença ante a luz fulgaz de minha fogueira.
A observei chegar, enrolado em meu estandarte.
Com um gingado peculiar ela caminhou para perto da fogueira, seus olhos fendados, seu pelo tão dourado quanto as areias desde deserto. Levantei-me diante daquele felino, que encarava-me friamente. No entanto, pouco sentia-me em perigo, apenas a observei chegar. Ela parou diante da fogueira, do outro lado.
Fitou fundo meus pensamentos atravez de meus olhos, e sua voz, feminina e nobre como as dos espiritos de Dannan.
“Aqui, homem, seu deus não alcança os dedos e nem os olhos, aqui está desprotegido. Sua crença e fé não valem de nada nesta savana, no entanto, os ventos disseram-me qual seu proposito tão longe de casa.”
Eu assenti.
“Busca um presente para os espiritos que vivem carnais entre os mortais.”
Mias uma vez eu assenti.
“Também conheço em seu âmago o odio por estes espiritos, por tal motivo, vim dizer-lhe qual presente traria a ruina de tais espiritos.”
Ela caminhou, nobremente, em torno da fogueira e passou perto de mim. Ela era grande, talvez o maior dos felinos que já vi. Pouco menos que os cavalos de minha terra, e enquanto falava, ela parecia crescer e sua voz.... Sua voz soava como melodia.
E ela andou em torno de mim, como numa dança e as chamas pareciam acompanhar seu gingado. Vislumbrei as sombras tremeluzirem e a fuligem ainda fumegante erguia-se em torno dela, como vagalumes no verão.
“Ao norte, junto aos pés da montanha, existe uma cidade de homens, sua pele é escura como o ébano. Dentre eles vive uma mulher, a mais linda desta terra e a princesa. Em quatro noites ela irá tornar-se rainha de seu povo, nos braços do principe de outra tribo, do sul. Sua beleza é tanta que até mesmo a lua curvaria-se diante dela e seus olhos são tão claros quanto as dunas das quais o sul fustiga.”
“Então, se eu pudesse levar esta mulher para dar de presente aos Sidhes, ela traria a ruina dos mesmos?” Indaguei.
“Certamente, ela traria a ruina dos espiritos e traria a liberdade de seu povo.”
Ela deu de ombros para mim, e então, caminhou novamenet de volta a savana, deixando uma ultima palavra.
“Quatro Noites”
Pela manhã, caminhei para o norte, em direção ás montanhas. Estava decidido o suficiente para cumprir minha missão.
Caminhei através da savana, e nenhum animal desta vez ousou olhar para mim. Fui ignorado por eles. Será que aquele espirito fizera algo?
Bebi água, e me alimentei dos animais, cacei improvisando com galhos
E mais uma noite caira sobre mim, como um véu. As estrelas estava brilhantes e mais uma fogueira acendi.
E o espirito visitou-se mais uma vez. Os olhos fendados de felinoz me fitavam ao outro lado da fogueira.
E ela disse, em minha cabeça.
“Nenhum animal desta terra lhe ferirá, no entanto, você terá cinco dias. Pela manhã chegará ao sopé da montanha. A princesa estará na tenda do centro.”
Gostaria de saber o porque ela estava me ajudando. Seria uma bruxa com pele animal? No entanto, ainda era satisfatório. Dagda não podia olhar mais por mim nestas terras, mas ao menos este espírito olhava.
Pela manhã, continuei. E não tardou para encontrar uma junção de uma espécie de cabanas, erguidas com barro e cobertas com um tipo de palha. Vi homens nus deixando as casas, carregando lanças. Suas peles escuras como a noite, pintadas de branco e vermelho, haviam colares em seus pescoços e fitas amarradas, beges, em pernas e braços..
Acompanhei durante um dia todo a cultura daquele povo.
Haviam pouco mais de vinte cabanas. Todas arganizada entre as pedras.
Os homens e mulheres eram magros, porem eram maiores que eu. Eles retornaram com carne de cervo e pela noite, de longe, vi as fogueiras acesas e eles cantavam e dançavam em torno dela. Não acendi minha e aguardei até que a deles estivesse apagada.
E então, tarde da madrugada, na não perfeita escuridão, banhada por estrelas, vi o felino adentrar, segui seus passos. Furtivamente andei por entre as cabanas, haviam, encostadas nelas, lanças. Eu as peguei e por trás de uma das cabanas, o espirito animal desaparecera. Estava tudo silencioso.
Era naquela cabana que roubaria o presente. Aquele que traria o fim dos Tuatha Dé Danann.
Puxei aquela especie de cortina, feita de palha. Estava escuro lá dentro... Teria entrado, se não fosse o grito.
De tras de mim, ouvi um grito e houve agitação. Ouvi uma lança passando por cima da minha cabeça e acertando o chão. Se eu não o fizesse agora, certamente não faria depois. Eu sou um guerreiro. Um guerreiro.
Estava com duas lanças na mão, esquivei-me de um dos homens que estavam mais perto. Cravei voraz a lança em seu peito, chutei o mais próximo, que vinha atras de mim. Cravei a outra lança nele. Uma flecha acertou meu ombro. Gritos. Levantei o corpo de um dos moribundos contra aquele que me flechava. O usei como escudo. Ouvi passos pesados virem até mim, desesperados. Estava agora com outra lança, e a lancei contra a escuridão, ouvi o grito.
As flechas ainda zuniam.
Outra lança, outro grito. Mais uma flecha acertara meu ombro. A senti arder.
Corpos se acumularam em meu caminho enquanto buscava o arqueiro. Não tardou para acha-lo. O enforquei com meus proprios punhos. Mas não antes de ele furar-me com sua adaga de pedra. Maldito. Eles eram rapidos, moviam-se nas sombras, esgueirando-se entre as casas. Não sei quantos deles haviam ali, mas voltei para a cabana. Havia ali uma jovem. Junto dela um guerreiro tão grande quanto um urso. Ao menos, nas sombras, foi o que eu vira. Eu o furei com a adaga primitiva do arqueiro. Soquei, chutei. Apanhei e então, banhado de sangue, de meu inimigo e o meu, talvez, eu apanhei a mão da jovem. Corri por entre as casas até ganhar as planícies. Ela gritou, eu a amarrei. Amarrei seus braços e pernas.
Corri, corri. Ela estava em meus ombros e gemia.
Alcancei a savana que antecedia o deserto do qual viera. E então, começou a aurora dourar tudo á minha volta. Assim como os olhos daquela mulher. Seus cabelos trançados eram longos. Seus labios carnudos e a pele escura, tão lisa e delicada quanto uma ameixa. Em suas orelhas haviam adornos, dourados. Ouro talvez. Em seu pescoço, estavam colares de couro e ossos. Uma pele cobria seu busto, mas não o suficiente para tapar seus seios fartos. Em suas pernas estavam tiras de couro e chocalhos. Certamente de serpente. O restante de seu corpo estava nu e ela era Linda. Por instantes a fitei enquanto, com meu estandarte, limpava minhas feridas, que não eram poucas. Em minhas roupas ainda havia o odre mucho.
Enchi de agua e então, preparei-me para atravessar o deserto mais uma vez.
Dei de beber para a jovem, pedi silêncio e ela gritou. Mais uma vez a amordacei com tiras do meu estandarte, que servira de corda também e serviu para que eu pudesse carregar carne e gravetos.
Desamarrei seus pés, e neles eu fiz um sapato improvisado, com o pano de meu manto vermelho.
Começamos a pisar na areia fofa. E então, novamente eu estava de volta ao mar dourado. O dia passou rapidamente.
E mesmo a noite, no frio gélido, caminhamos e então, quando não suportava mais, paramos, acendi uma fogueira. Dei de comer a mulher, bebemos água.
Ela então parecia mais calma, tentei um diálogo, mas ela certamente não sabia o que eu tinha dito, e eu certamente não entenderia qualquer palavra que ela disesse. Mas já não importava mais. Eu tinha um presente que o Povo de Danu certamente gostaria. E creio que, o plantio deste ano está garantido. Agora, tinha de aguentar e chegar onde estavam meus companheiros.
Não havia sinal daquelas sombras da tribo de onde vinha essa mulher. Isso certamente era reconfortante. Ouvi o som de asas batendo. Vi um carniceiro aproximar-se. E, com olhos fulgazes ela me fitou.
“Você deve partir o quanto antes para suas terras, apartir daqui, não poderei fazer mais nada por você, e nem teu deus poderá guiá-lo.
A voz feminina soou na minha cabeça e então, ela alçou vôo, sumindo no ceu da aurora. A mulher, estava adormecida quando olhei para ela.
Apenas agradeci a aquele espírito. A acordei pouco antes de Bran brilhar.
Pouco antes de partirmos, eu enterrei os gravetos queimados na areia, ao fazer isso, a mulher correu de mim. Ela vira meus ferimentos na perna, mas eu ainda era mais veloz que ela. A segurei.
Aqueles olhos...
Aqueles olhos certamente poderiam enfeitiçar um homem de coração fraco, ou um homem de vontade fraca sucumbiria ao desejo de possuí-la naquelas areias.
Eu tenho um desejo. E eu farei qualquer coisa para vê-lo atendido. E por esta razão, eu jamais profanaria aquela carne. Certamente eles a apreciariam ainda virgem.
A arrastei por um bom trecho.
A caminhada fora árdua e tempestades de areia enfrentamos, noites gélidas e um calor fustigante.
Já pela manhã, da última noite no deserto, pudemos ouvir as batidas do mar. O doce cheiro da maresia impregnava minhas narinas com nostalgia.
Levou pouco mais de meio dia de caminhada para chegarmos á praia. E lá estava minha embarcação. Ancorada.
Descemos pelas dunas de areia até chegar às águas salgadas. A jovem parecia vislumbrada com o mar. Mar que eu conhecia muito bem.
Adentrei ás águas e deixei que aquelas mesmas águas mornas banhassem minhas feridas, que aquela água salgada ajudasse na cicatrização. Que me limpasse do pecado que cometi ao tirar essa mulher de seu povo.
De dentro da água, eu a pude ver. Ela não fugiu, apenas me fitou com seus olhos dourados, como aquele felino na savana.
Certa vez eu ouvira falar de felinos negros com olhos cor de mel, se eles existiam, provavelmente eram inspirados nesta mulher.
Deixei a água, e ela me acompanhou quieta pelas areias ainda banhadas de rubro e cheias de corpos. Carniceiros voaram em bandos quando os enxotei dali. O navio ainda estava no mar. Era reconfortante e os barcos ainda estavam ali na areia.
Pus a jovem nele e o empurrei para o mar. A água balançou o barco e aquilo era prazeroso.
Ouvi alguém no barco gritar e então, cordas foram jogadas.
Estavam todos no convés. À minha espera.
Ordenei que não tocassem na mulher. Avisei que ela era o presente do Povo de Danu.
E os dias seguiram-se...
Aportamos nas minhas terras, finalmente.
Todos nos receberam com alegria e subimos as colinas verdejantes e todos olhavam-na, maravilhados. Aguardamos até a noite. Haveria uma festa pela nossa chegada. E os Tuatha Dé Danann receberia o presente.
Erguemos fogueiras. Prepararam as comidas e vinhos. As tendas estavam armadas e tudo estava devidamente iluminado.
E então, quando a lua estava no centro do céu, todos silenciaram-se, e os Tuatha Dé Danann vieram com mantos brancos, descalços. Á sua volta, silfídies, gnomos e fadas dançavam. E adentraram as tendas, e ás mesas se sentaram. Tiraram seus mantos, revelando rotos belos, divinos. Cabelos lisos, louros, trançados... As peles claras como a lua e olhos tão cheios de vida que certamente a morte de um deles traria a desgraça a todo o mundo. Em sua sorelhas pontudas estavam pendurados adornos de cristais, ouro e prata. Eram considerados Deuses entre mortais. Comeram e beberam, dançaram em torno da fogueira com nosso povo e enfim, olharam para seu presente, mantido exatamente da forma que viera.
Um deles advertiu.
“Esta mulher trará desgraça ao nosso povo”
Mas seu Rei, encantou-se instantaneamente pela beleza rara da jovem. E então, a desposou na frente de todos. Possuindo-a ao som de liras em cima da mesa.
Maravilhado, ele disse que concederia anos e anos de comida farta. Frutos e Hortaliças. Seriam tempos gloriosos para o plantio.
E eu ri, ri por dentro.
Minha missão fora cumprida.



E os anos se passaram, muitos deles. Mas antes que minha vida fosse ceifada e levada para o outro lado. Pude contemplar a queda deles, e consequentemente a queda de minha tribo. Pois do mar, o povo de cor ébano veio. A fim de buscar a princesa. O rei do povo deles esperou anos até que pudesse vir. Embora tenha encontrado a morte no fio da espada de nosso do Rei das Fadas, ele a contemplou, por uma ultima vez antes que sua coroa caísse banhada em rubro.
Ele a viu carregando uma filha. Ainda mais linda que qualquer Mortal ou Deus.
Após o embate, o Povo de Danu partiu para o outro mundo. Deixando-nos na miséria.
Não me culpo... Hoje, vejo tudo isso de outra maneira.
Meu povo perdeu todas as riquezas para os homens sombra. E, embora esteja aqui, como um velho louco, ainda lembro com perfeição dos tempos em que os Deuses caminhavam entre nós. E agora, eu vejo a feiticeira deles. Do povo Ébano, vejo seus olhos dourados e na cabeça, uma coroa. Ouço sua voz. Uma ultima vez, antes de fechar os olhos para sempre.
“Obrigada.”

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Aranae

Boa Noite ( Tarde, ou Manhã)

Hoje, admito ter sido um dia cansativo. Mas não é disso que venho falar.
Havia alguns dias, eu havia pensado num conto sobre uma Aranha, em busca de Vingança.

Arane foi criado mais por um capricho, é algo rascunhado, mal revisado e um tanto infantil. Mas eu até que gosto dele. Pela idéia selvagem que me passa pela cabeça enquanto penso nele, na Aranha e na Vespa


Bom, chega de falar.
Boa Leitura.


Aranae



Certa de que terá uma caça farta, a Vespa voa habilmente por entre os juncos que beiram o lago, pousando eventualmente, perscrutando com seus enormes olhos cada movimento no solo.
Não tarda.
Não tarda e ela encontra sua presa, uma pobre Aranha, esta que já estava praticamente adentrando sua toca, um buraco na encosta do lago, escondido em meio ao mato úmido.
A vespa fora rápida, desferindo a ferroada fatal nas costas da aranha, que teve apenas tempo de adentrar a toca e então, cair em espasmos devido ao terrível e eficaz veneno. Habilidosa, a vespa a puxou de dentro do buraco...
A arrastou por entre as ervas daninhas até sua toca, do outro lado do lago.
Um ato natural. Lei da caça.
No entanto, não fora isso que pensara as pobres e indefesas aranhas, filhotes daquela que sucumbiu bem diante de seus milhares de olhos. O ódio latente, vindo delas, jurou vingança. Porém, apenas uma das pequeninas tivera coragem de abandonar a toca, deixando seus irmãos para trás, em busca de algo que pudesse salvar sua vida e de seus irmãos da terrível vespa.
Ele caminhou por entre os juncos do pântano e adentro o bosque.
Seu espírito forte e determinado fizera com que sobrevivesse há pássaros vorazes, centopéias terríveis e a adversidade climática daquela que, para humanos era apenas uma reserva pequena, mas que para ela, era uma gigantesca floresta. Dias de chuva e sol fizeram de sua viagem um inferno.
Sua caminhada o levou até um lugar, onde havia barrancos que levavam um pequeno lago, que descia por um córrego... A margem deste, ele encontrou uma pequena aranha, e esta o recebeu em sua toca, cuja qual mantinha uma porta de seda. Sua toca era funda e cheia de entradas aqui e ali. Com esta aranha, ela aprendeu a cavar mais fundo e tecer uma teia fina, mas resistente, e deixa-la como porta. Isto seria útil contra a Vespa.
Ela, após ter aprendido com a aranha do córrego, partiu para mais adentro do bosque. Entre uma arvore e outra, ela conheceu outra aranha, ela saltava de uma arvore a outra. Com esta ela aprendeu a saltar longe e rapidamente. Com outra, ela aprendeu a lutar, armando as patas da frente.
Aprendeu a tecer a teia mais forte e resistente que pode conceder, e então, após vários dias fora da toca, ela retornou.
Fora frustrante ver que sua família havia partido e seus muitos irmãos já não mais estariam ali para partilhar dos conhecimentos que ela adquiriu.
E agora, o desejo de vingança contra a vespa ainda era maior, e então, cavou sua própria toca, transformando num labirinto. Fechou algumas entradas com uma seda fortíssima, concebeu uma porta bela e resistente. Iria fazer de sua morada uma armadilha. Satisfeita ela se fora para o outro lado do lago, em busca de seu algoz. Faria dela seu alimento.
Na manhã do dia seguinte, ela já circundava o lago pelo outro lado, caminhando pela encosta, sorrateira e furtiva.
Ela encontrou outras tocas, as fitou, estavam vazias. E por alguns dias ela perscrutou a região, até ouvir o terrível zumbido.
Encontrou a Vespa, negra e tão grande quanto a Aranha arrastando outra semelhante, ainda viva para seu covil. Ela a seguiu, e então, aguardou que ela estivesse satisfeita e enfim, mais uma vez, faminta para uma nova caça. Em área aberta, ao céu a vista sabia que não teria chances de uma luta. Vespas eram cruéis, vorazes, astutas e rápidas. E ela se deixou ver próxima a toca, e então, partiu aos saltos, o mais rápido que pôde, fazendo suas patas pularem e correrem por entre juncos e ervas daninhas no solo ruidoso e úmido.
A Aranha fez o máximo que poderia, evitando as investidas aéreas da caçadora. Mas, ela ria por dentro, crente de que ela cairia na sua armadilha de teia.
Fora algumas horas rápidas, e de tempo em tempo, a vespa sumia de sua vista, alçando vôo e depois dando rasantes em ataques letais e quase certeiros. E muitos outros animais e insetos viram o embate se arrastar pela beira do lago.

A toca estava aberta, pronta para que a Aranha adentrasse, e ela o fez, correndo pelos corredores escuros. Ela podia ouvir a vespa atrás de si, mas aqui dentro ela não poderia voar e nem usar seu ferrão.
A aranha estava se garantindo nisso.
Lá dentro, após fazer com que a vespa se perdesse, ela voltara para a entrada e então, fechara a porta. Caso ela não sobreviva, certamente a vespa também não sairia dali. E para garantir, ela encobriu tudo com a teia, vedando a porta.
Agora ela iria decidir para sempre o que faria. A encontrou nos corredores, ergueu as patas da frente, mostrando as presas que pingava o veneno peçonhento. As duas digladiaram e enfim, a aranha cravou o ferrão na vespa e a assistiu morrer. A empreitada lhe custou uma pata, e dois olhos furados. Mas a doce refeição da vingança lhe caiu muito bem. Por fim, após dias e dias preparando sua vingança, mal dera conta que já era adulta, e que uma vida havia se passado. E o fim fora vazio, doloroso e solitário, não havia ninguém ali para comemorar junto com ela em cima dos restos ocos da vespa.
Se houvesse lagrima, ela as derramaria. Mas já estava feito, ela havia aprendido muito, dera a vida numa vingança. Triste, ela ficou ali, quieta em sua toca. Para sempre, era o que ela imaginava.
E os dias se passaram, e talvez anos. Ela teve filhos, alimentou-se a beira do lago, sempre olhando para o céu, esperando o zunido peculiar surgir novamente. Ela sabia que outras viriam.
E não tardou para que um filho da vespa viesse para a vingança, e a mesma ocorreu, e a aranha não negou o fim. Era justo...
E um de seus filhos, triste com sua morte, partiu para a floresta...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um Blog

Hey!
Enfim fiz um blog ( apesar de estranho, ainda estou apredendo a lidar com ele).
Antes este blog estava ás moscas.E agora espero que esteja ás pessoas. Mas fico imaginando, sobre o que falarei neste aqui?
Alguns amigos e conhecidos têm blogs, embora quase nunca os visito, sinceramente, acho bobagem... Mas, no entanto, tive vontade de ativar o meu, apés 3 anos sem uso para merda nenhuma, e aqui, ao contrario dos sites de relacionamentos, acho que posso falar o um pouco de mim de maneira que inguem julgue... ( não que eu ligue para isso)
senti a necessidade de um blog, bem, para desabafar, falar dos meus dias. falar de minhas vontades, anseios, desejos e quem sabe, porque não falar de Devaneios.
Alias, uma palavra que vem a minha mente com muita frequencia ultimamente.

seja devaneio uma bebida, Uma Ekrad, Um sentimento (talvez), Uma simples palavra ou uma passagem do Estado Mental.
Bom, para inalgurar este Blog, (não que alguem venha ver isso) Talvez poderiamos falar sobre o Devaneio que tenho tido, o ultimo, não pouco frequente.
Um sonho, uma ideia...
Enfim.







"Salivas trocadas, doces como nuvens de açucar, um doce devaneio no sonhar. Uma situação de heroísmo, uma cena de afeto, uma paixão descontrolada. Entre pedras e agua. Uma ideia. Um devaneio. Fogo que arde a pele, ainda que a milhares de anos luz de distancia. Uma estrela que cai. Não, não é uma estrela, são olhos coloridos, brilhantes como peixinhos dourados do aquario. Não são estrelas, são ...O que são? Saliva, Labios, Chamas... Um desejo não atendido, um devaneio que ficará para sempre ás escondidas. Nnnca revelado. Um desejo. Desejo...desejo..."



Bem Vindo ao Entropia e Devaneios.