quinta-feira, 17 de junho de 2010

Aranae

Boa Noite ( Tarde, ou Manhã)

Hoje, admito ter sido um dia cansativo. Mas não é disso que venho falar.
Havia alguns dias, eu havia pensado num conto sobre uma Aranha, em busca de Vingança.

Arane foi criado mais por um capricho, é algo rascunhado, mal revisado e um tanto infantil. Mas eu até que gosto dele. Pela idéia selvagem que me passa pela cabeça enquanto penso nele, na Aranha e na Vespa


Bom, chega de falar.
Boa Leitura.


Aranae



Certa de que terá uma caça farta, a Vespa voa habilmente por entre os juncos que beiram o lago, pousando eventualmente, perscrutando com seus enormes olhos cada movimento no solo.
Não tarda.
Não tarda e ela encontra sua presa, uma pobre Aranha, esta que já estava praticamente adentrando sua toca, um buraco na encosta do lago, escondido em meio ao mato úmido.
A vespa fora rápida, desferindo a ferroada fatal nas costas da aranha, que teve apenas tempo de adentrar a toca e então, cair em espasmos devido ao terrível e eficaz veneno. Habilidosa, a vespa a puxou de dentro do buraco...
A arrastou por entre as ervas daninhas até sua toca, do outro lado do lago.
Um ato natural. Lei da caça.
No entanto, não fora isso que pensara as pobres e indefesas aranhas, filhotes daquela que sucumbiu bem diante de seus milhares de olhos. O ódio latente, vindo delas, jurou vingança. Porém, apenas uma das pequeninas tivera coragem de abandonar a toca, deixando seus irmãos para trás, em busca de algo que pudesse salvar sua vida e de seus irmãos da terrível vespa.
Ele caminhou por entre os juncos do pântano e adentro o bosque.
Seu espírito forte e determinado fizera com que sobrevivesse há pássaros vorazes, centopéias terríveis e a adversidade climática daquela que, para humanos era apenas uma reserva pequena, mas que para ela, era uma gigantesca floresta. Dias de chuva e sol fizeram de sua viagem um inferno.
Sua caminhada o levou até um lugar, onde havia barrancos que levavam um pequeno lago, que descia por um córrego... A margem deste, ele encontrou uma pequena aranha, e esta o recebeu em sua toca, cuja qual mantinha uma porta de seda. Sua toca era funda e cheia de entradas aqui e ali. Com esta aranha, ela aprendeu a cavar mais fundo e tecer uma teia fina, mas resistente, e deixa-la como porta. Isto seria útil contra a Vespa.
Ela, após ter aprendido com a aranha do córrego, partiu para mais adentro do bosque. Entre uma arvore e outra, ela conheceu outra aranha, ela saltava de uma arvore a outra. Com esta ela aprendeu a saltar longe e rapidamente. Com outra, ela aprendeu a lutar, armando as patas da frente.
Aprendeu a tecer a teia mais forte e resistente que pode conceder, e então, após vários dias fora da toca, ela retornou.
Fora frustrante ver que sua família havia partido e seus muitos irmãos já não mais estariam ali para partilhar dos conhecimentos que ela adquiriu.
E agora, o desejo de vingança contra a vespa ainda era maior, e então, cavou sua própria toca, transformando num labirinto. Fechou algumas entradas com uma seda fortíssima, concebeu uma porta bela e resistente. Iria fazer de sua morada uma armadilha. Satisfeita ela se fora para o outro lado do lago, em busca de seu algoz. Faria dela seu alimento.
Na manhã do dia seguinte, ela já circundava o lago pelo outro lado, caminhando pela encosta, sorrateira e furtiva.
Ela encontrou outras tocas, as fitou, estavam vazias. E por alguns dias ela perscrutou a região, até ouvir o terrível zumbido.
Encontrou a Vespa, negra e tão grande quanto a Aranha arrastando outra semelhante, ainda viva para seu covil. Ela a seguiu, e então, aguardou que ela estivesse satisfeita e enfim, mais uma vez, faminta para uma nova caça. Em área aberta, ao céu a vista sabia que não teria chances de uma luta. Vespas eram cruéis, vorazes, astutas e rápidas. E ela se deixou ver próxima a toca, e então, partiu aos saltos, o mais rápido que pôde, fazendo suas patas pularem e correrem por entre juncos e ervas daninhas no solo ruidoso e úmido.
A Aranha fez o máximo que poderia, evitando as investidas aéreas da caçadora. Mas, ela ria por dentro, crente de que ela cairia na sua armadilha de teia.
Fora algumas horas rápidas, e de tempo em tempo, a vespa sumia de sua vista, alçando vôo e depois dando rasantes em ataques letais e quase certeiros. E muitos outros animais e insetos viram o embate se arrastar pela beira do lago.

A toca estava aberta, pronta para que a Aranha adentrasse, e ela o fez, correndo pelos corredores escuros. Ela podia ouvir a vespa atrás de si, mas aqui dentro ela não poderia voar e nem usar seu ferrão.
A aranha estava se garantindo nisso.
Lá dentro, após fazer com que a vespa se perdesse, ela voltara para a entrada e então, fechara a porta. Caso ela não sobreviva, certamente a vespa também não sairia dali. E para garantir, ela encobriu tudo com a teia, vedando a porta.
Agora ela iria decidir para sempre o que faria. A encontrou nos corredores, ergueu as patas da frente, mostrando as presas que pingava o veneno peçonhento. As duas digladiaram e enfim, a aranha cravou o ferrão na vespa e a assistiu morrer. A empreitada lhe custou uma pata, e dois olhos furados. Mas a doce refeição da vingança lhe caiu muito bem. Por fim, após dias e dias preparando sua vingança, mal dera conta que já era adulta, e que uma vida havia se passado. E o fim fora vazio, doloroso e solitário, não havia ninguém ali para comemorar junto com ela em cima dos restos ocos da vespa.
Se houvesse lagrima, ela as derramaria. Mas já estava feito, ela havia aprendido muito, dera a vida numa vingança. Triste, ela ficou ali, quieta em sua toca. Para sempre, era o que ela imaginava.
E os dias se passaram, e talvez anos. Ela teve filhos, alimentou-se a beira do lago, sempre olhando para o céu, esperando o zunido peculiar surgir novamente. Ela sabia que outras viriam.
E não tardou para que um filho da vespa viesse para a vingança, e a mesma ocorreu, e a aranha não negou o fim. Era justo...
E um de seus filhos, triste com sua morte, partiu para a floresta...

4 comentários:

Anônimo disse...

sinistro.....interessante...a aranha foi muito corajosa foi atrás do q queria...

Rotary Club Boituva Sul disse...

Eita aranha... ela esqueceu que a vingança, de nada é doce! Só no ditado popular. Coitada! Faz o povo pensar melhor sobre... vingança! Nem tão infantil assim! Parabéns. Continue.

Heitor V. Serpa disse...

Como diria Don Ramón, a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena. Um ciclo vicioso muito bem representado, adorei a fábula.

Anônimo disse...

Eu gostei, todos pensam em vingança mas poucos tem coragem para se vingar.